You're The Yin To My Yang
Marcus- Admin
- Mensagens : 54
Data de inscrição : 11/10/2018
- Mensagem nº2
Re: You're The Yin To My Yang
Desde a aliança com Maureen, o aprisionamento, a fuga, a morte de Vince Allen e Erick Constance, a entrega de Vaclav Blanchett para Dominique Hughes... Fizera alianças com as pessoas certas, eliminou aliados sem hesitar e, como resultado, conquistou a liberdade. Caminhavam pelo deserto há quatorze dias, e a previsão é que chegariam em Desdémona em pouco mais de duas horas. Até o retorno pelo deserto parecia ser parte de seu plano. Inseridos naquele ambiente devastado e desconhecido, se certificava de que Chris não usaria sua mutação para escapar. Como garantiria sua sobrevivência, afinal, sem mantimentos e um conhecimento mínimo do lugar? Por mais que fosse ágil, o cansaço logo tomaria conta de si, e se veria perdido sem qualquer perspectiva. |
Na terceira noite, chorou. Nunca sentiu aquilo... Era como se quisesse parar de chorar, mas não conseguisse. As lágrimas pesavam em seus olhos e precisavam sair de alguma maneira. Na quarta noite, sofreu o primeiro ataque de pânico. O coração parecia querer ser expelido para fora, de tão forte que palpitava. Os braços tremiam tanto, que sequer conseguia segurar a garrafa de água para se hidratar. Tontura, calafrios, falta de ar... Foram dias difíceis. As inúmeras torturas que sofreu durante o aprisionamento criaram uma ferida em seu ser – e a imagem de Erick sem vida no chão era a certeza de que jamais cicatrizaria. |
Última edição por Marcus em Qui Mar 21, 2019 9:08 pm, editado 1 vez(es)
Pierre- Mensagens : 16
Data de inscrição : 18/10/2018
- Mensagem nº3
Re: You're The Yin To My Yang
Ele também tinha que herdar o coração. O coração de Achilles existia. O misterioso mutante não deixava ele transparecer, mesmo que não fosse proposital. Os olhos são as janelas da alma. Mas olhando pelas janelas da alma de Achilles, o que podia ser visto? A boca fala do que o coração está cheio: e a boca daquele homem levantava mais perguntas do que respostas. Então como decifrá-lo? O enigma chamado Achilles Bittencourt. Suas atitudes eram místicas. Seu comportamento, transcedental. E ele esperou que essa essência despertasse no âmago de seu filho. Mas... Não fora correspondido. Porém finalmente, Chris agora estava cheio do que era preciso. Foi como ajustar uma máquina. Apertar alguns parafusos. Colocar óleo em algum local. Tirar a poeira de outro. A vida precisava moldar Chris. Então, Achilles vestiu suas mãos com as luvas da vida e começou a esculpir aquele vaso. As torturas contínuas durante anos na prisão. A liberdade, que veio violentamente, causando um pequeno distúrbio de auto-posicionamento. A perda do seu melhor amigo, do seu irmão: diante dos seus olhos! Era como se todos os nutrientes necessários para a transformação houvessem sido absorvidos pelo rapaz, como uma largata que procura ficar gordinha para sua metamorfose. A prisão. O luto. Elas estavam gerando no filho do temido Achilles Bittencourt, uma transformação. E agora preso em sua crisálida, ele se debatia e tentava lutar contra aquilo que não entendia. Ele não queria se transformar, mas o seu pai estava ao seu lado para lhe amparar. . . . Depois das primeiras frases, deixou o silêncio passear ao redor deles, como crianças brincalhonas. Achilles levantou seus olhos ao céu, que já não era tão azul e lindo como um dia foi. Nem contemplara esta maravilha, porém às vezes se pegava imaginando o mundo como era antes do homem destruir seus recursos naturais. De volta à realidade, sentiu o calor, que era emitido pelo céu e que era refletido pela terra. Podia ver acima do solo, as nuvens de vapores. Ele meditava sem pressa nas palavras ditas pelo rapaz. |
|
Insanidade? Genialidade? Onde uma começava, e a outra, terminava? |
|
|
|
|
O pai parou a caminhada. O sol, absoluto no céu, parecia querer incinerar tudo desesperadamente. Aquele cenário só contribuiu para o que Chris estava para escutar. Seria claro como o dia, e objetivo como o deserto. Mirando nos olhos do filho, a aura mística evanesceu um pouco: Achilles estava disposto a falar com o filho diretamente, sem as parábolas. |
|
|
|
Ele recolhe uma das mãos do ombro do filho, para passá-la na testa, tirando o suor e em seguida passá-la a mão sobre o cabelo, sentindo-o quente, por causa do sol. Gestos tão humanos. Seu olhar também variou. Ele desviou o olhar de Chris, para mirar uma rocha. Em silêncio, parecia fazer luto pelos dois que haviam morrido. Voltou a segurar o filho pelos dois ombros, e seu olhar retornou ao rosto do rapaz. |
|
|
|
|
Última edição por Pierre em Sáb Mar 23, 2019 6:40 pm, editado 1 vez(es)
Marcus- Admin
- Mensagens : 54
Data de inscrição : 11/10/2018
- Mensagem nº4
Re: You're The Yin To My Yang
Mas não. Ao invés disso, ele utiliza palavras complicadas, e com elas amarrava mais vendas em torno dos olhos de Chris. Podia imaginar uma resposta como aquela num palanque, direcionada aos subordinados da causa mutante, ou diante de um juri num julgamento que definiria sua pena... Mas, no meio daquele deserto sem fim e para ele, seu filho, esperava algo mais autêntico... Mais... ... sincero. |
DanyGSouza- Mensagens : 9
Data de inscrição : 18/10/2018
- Mensagem nº5
Re: You're The Yin To My Yang
|
Última edição por DanyGSouza em Qua Mar 27, 2019 10:28 pm, editado 2 vez(es)
Marcus- Admin
- Mensagens : 54
Data de inscrição : 11/10/2018
- Mensagem nº6
Re: You're The Yin To My Yang
Respira fundo, tentando se recompor. Olha para baixo, notando as novas vestes e os curativos em partes variadas do corpo, e fita Emma uma vez mais. Fora o detalhe da jaqueta, ela estava... Estava linda. Era a Emma que sempre imaginou durante o período enclausurado em Matriz Saint Wall. O rastro de luz que o guiava em meio à obscuridade da Primatech. Era estranho, pois em alguns momentos, parecia idolatrar Emma, como uma figura que lhe dava forças. Vê-la assim, tão próxima, era a mesma sensação que um fã tinha ao estar frente à frente com sua celebridade adorada. |
|
|