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Heading to a New Future
Marcus- Admin
- Mensagens : 54
Data de inscrição : 11/10/2018
- Mensagem nº2
Re: Heading to a New Future
Não era o caso, porém. Doncaster olhava para ele, piscava, respirava, movimentava o braço para cima, tocava sua mão, pressionava os dedos, projetava um sorriso tímido, recolhia o braço e depois falava. Tantos processos envolvidos nessa atividade, que ficava difícil entender o que era obra de Lohengrin, e o que ainda pertencia ao livre arbítrio de C-55. |
Paralelo a isso, nota a chegada de Silent logo depois de seu perfume invadir o ambiente. Sempre se perguntou porque uma agente secreta, que muitas vezes dependia do fator surpresa para o sucesso de sua investida, exagerava tanto no perfume. Nunca questionou-a quanto a isso, entretanto. Ela, afinal, nunca dera motivos para duvidar de suas habilidades. As provas de sua excelência? Devidamente mortas. |
BOOM! Tudo acontece rápido demais. Em questão de segundos, ou até milésimos de segundo, o próprio Doncaster jaz no chão, com um buraco do tamanho de um projétil de cobre no centro de sua testa. O que aconteceu? Por que atirou em si próprio, ao invés de acabar com Loki, como fora ordenado? |
Pierre- Mensagens : 16
Data de inscrição : 18/10/2018
- Mensagem nº3
Re: Heading to a New Future
Na mitologia grega, Fobos é filho de Ares com Afrodite. Fobos tem um irmão gêmeo chamado Deimos. O primeiro personifica o medo; enquanto o segundo, o espanto. E ambos acompanhavam o pai, a guerra, nos campos de batalha. Nessas ocasiões, Fobos injetava pavor no coração dos soldados para que fossem covardes e fugissem do campo de batalha. O sufixo fobia era utilizado para caracterizar os mais diversos medos. Desde os mais aceitáveis, como o medo da escuridão ou de abismos, como os mais tolos, como o medo de baratas e lacraias. Por que Louis escolheu Phobos para ser o seu alterego? A resposta era muito simples. Bastava estudar a sua aparência que no geral era fruto do nojo que ele tinha pelas vaidades da sociedade, o seu desapego com a vida dos outros, a forma como manejava suas cobaias, sem misericórdia; bastava compreender que os seus objetivos estavam no topo de uma escada, e que os degraus eram cobertos de conceitos éticos ou morais, conceitos humanos, sentimentos benévolos como o altruísmo: ele subiria todos os degraus, pisando em cima de tudo o que fosse necessário, para abraçar o seu prêmio. Louis era o medo encarnado. O medo que residia no fundo do coração dos outros. Na literatura, era o ser humano, o cientista, que criava o monstro. Mas arte é arte, e embora a vida imitasse a arte, por vezes essa regra era quebrada. Entre Phobos e C-55, foi o monstro que criou o ser humano. E o monstro estava sorridente. Que coisa, a Primatech era mesmo cruel: era ela quem financiava aquele monstro. E apesar de Loki considerar C-55 o primogênito de Phobos, aquela não era a verdade. À muito tempo Louis havia concebido outra criatura. Naquele tempo, de fato, havia sido criado um monstro: fora o Projeto Schiffer. |
- Obrigado pelas congratulações, senhor Jones. É uma honra ter o seu reconhecimento. |
Loki. Deus da travessura. Seu nome também está ligado a magia, e ele pode mudar de forma. Na mitologia nórdica, ele talvez seja o mais problemática dos deuses. Ele não pertence ao clã dos deuses que moram em Asgard, embora habite entre eles. |
- É interessante que você seja o novo presidente da Primatech, senhor Jones. Eu resido na Primatech desde o reinado de Amélia. – ele começou a passear ao redor da mesa do C-55, consequentemente ao redor de Loki – Ela foi uma rainha meteórica. Interessante. O nome dela significava amorosa. Teria sido esse o vacilo dela? O amor? |
- O deus mitológico nórdico de nome Loki possuía um grande senso de estratégia, e usava suas habilidades para conquistar seus próprios interesses. – Por fim, o cientista parava de caminhar, ficando do outro lado da mesa de C-55, o lado oposto ao presidente. Entre eles estava a cobaia – Costumo considerar que cada nome possui o seu próprio poder e influência. E eu vejo muito do nórdico Loki em você, senhor Jones. |
- Talvez por isso eu tenho adotado um codinome. Louis não faz jus à minha reputação. Pavor... Medo... esses sim são bons nomes. – dizia ele, de repente imerso em pensamentos, recordando de todas as suas atrocidades, desde as ocultas até às que eram realizadas sobre o telhado. |
Se o corredor prévio ao laboratório de Von Lohengrin fosse devidamente iluminado, quando a porta se abriu, a luz lá de fora ofuscaria os olhos de quem olhasse de dentro. Mas não, até o corredor era tenebroso. Então quando a porta se abriu, revelou-se na penumbra uma silhueta negra e misteriosa, feminina e sensual. |
“Mas que demônios...” |
Então, a agente voltou-se para o cientista e apresentou-se. |
-... – ele mirou bem dentro de sua face, e sua boca pendia para baixo, como se nunca tivesse sorrido antes – A imensa gratidão fica por sua exclusiva conta, senhorita... |
- Dallin Eilin. Delin Eilivin. Deivin Eiliven. Que seja. |
Mas Delling não. Ela era tão confiante que tratava o presidente como um amigo íntimo, e sua confiança transpassava o temor de alcançar Phobos, fazendo-a cumprimentá-lo como se ele fosse uma pessoa normal. Imediantamente, Phobos, discreto como as sombras naquele cômodo escuro, lançou dentro da mente de Delling, nojo pelo cientista. Ele projetou uma ilusão de medo e asco, que além de arrepiar os pelos de seu corpo, iria fazê-la jamais desejar tocar nele, ou naquilo que estava relacionado à ele. E o fez com um olhar afiado, como se dos seus olhos negros saíssem lâminas pontudas e afiadas que penetrariam a mente promissora e funcional dela, uma mente poderosa que o cientista jamais imaginaria existir. Foi Loki quem retomou o assunto. Phobos preferiu manter-se reservado, com as duas mãos unidas nas costas, sobre a lombar. |
- Fique à vontade... – algo estranho aconteceu – ... Presidente. |
“Sim... Ele é como eu. Ele não é comum. Ele faz jus ao seu nome” – um pequeno sorriso brotou nos lábios do cientista, enquanto o presidente decidia fazer um experimento com C-55. |
Louis deu dois passos para trás. Não queria se sujar. Foi tão belo ver o rosto inocente de C-55 expressar primeiro o constrangimento, depois o pavor, e por fim a tristeza. Aquela ordem: me elimine imediatamente. Os lábios de C-55 se moveram, somente, e o cientista os leu... |
- ...Eu não posso... – Louis disse baixinho as palavras que não chegaram a ser pronunciadas pela cobaia à tempo, |
O corpo da cobaia tombou em cima da cama cirúrgica. Seus olhos estavam abertos mirando o teto, como se fossem de vidro. Phobos sumiu nas sombras, e voltou com algo na mão. No rosto, o sorriso novamente, mesmo com a presença de Delling. |
- É sempre bom receber elogios vindos de você, Loki Jones. Eles são especiais – dizia, enquanto enfiava um generoso tampão de algodão no buraco na testa de C-55; afinal, nada de sujar o laboratório – Quando a platéia é ordinária os aplausos até amaciam o ego do artista. Mas quando os aplausos vêm de alguém extraordinário... O júbilo é sem par. |
Já estava se acostumando com a mulher que fazia companhia a Loki. Com as mãos na lombar novamente, Phobos dava as costas lentamente a dupla. |
- Sigam-me. |
Eles enfim saiam das mediações do laboratório, e entravam num corredor com paredes e teto sólidos. Ali a luz azul era mais forte, e os permitia ver com mais facilidade uns aos outros, mas o corredor parecia um beco sem saída. Louis parou no final dele, e um buraco quadrado foi aberto na parede. Uma pequena tela holográfica surgiu, e nela Louis digitou uma extensa e complicada senha. Depois que a tela sumiu, outro pequeno buraco se abriu e dele saiu um minúsculo microfone, com uma luz vermelha antes da ponta. |
- Louis Von Lohengrin. – disse, ao aproximar-se do microfone. |
- Vamos, venham... Não precisam ter medo. – disse ele, finalmente, com uma voz jocosa. |
- Sabe senhor Jones, eu gosto do termo que você usa. Protótipo. O primeiro. – parecia que ele ia matá-los. O tom da voz de Phobos ficou especialmente fúnebre. – Este protótipo é realmente especial e sem precedentes na história da humanidade. A idéia pode não ser original, mas a concretização dela... Janela três, abrir. |
- Eis o Projeto A.F.T.E.R.L.I.F.E., senhores. – dizia ele, como se apresentasse uma grande atração teatral. |
- Viram, meus caros? Simplesmente maravilhoso. |
- Agora sim, Eiliv. Eis um ótimo motivo para sentir-se grata ao ser apresentada a alguma coisa. |
DanyGSouza- Mensagens : 9
Data de inscrição : 18/10/2018
- Mensagem nº4
Re: Heading to a New Future
~Silent~
A simpatia com a qual Elliv tratava Lohengrin era falsa e Loki certamente sabia que sua guarda-costas agia com a naturalidade e educação de praxe: obviamente, a mulher tinha de saber lidar com as pessoas que rodeavam o presidente. Estranhamente, uma sensação de repulsa tomou conta do seu ser à medida que olhava nos olhos do cientista. Repentinamente, aquele homem lhe causava tamanho asco que se fosse uma pessoa dominada por suas emoções, teria saído imediatamente daquele laboratório. Entretanto, Silent era uma agente altamente treinada e capacitada, dotada de um cérebro que muitos teriam inveja. Era um ser dominado pela frieza e autocontrole: se Louis Von Lohengrin esperava uma reação visível em sua face, ele se certamente se decepcionaria em ver que Silent ostentava o mesmo sorriso simpático que ofereceu quando a ele se dirigiu, o máximo de movimento que fez foi recolher sua mão e aproximar-se de Loki a espera do que ele queria lhe mostrar.
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